terça-feira, janeiro 10, 2017

Um Deus que se ama ou que se acredita

Estávamos numa reunião de adultos com filhos na catequese, e provocara-os a dizer o que pensavam de Deus. Um pai mais atrevidote, e posteriormente corroborado por outros pais, afirmou sem problemas que acreditava em Deus. Que acreditava nele como alguém que criara e conduzia os destinos do mundo. Um ser acima de nós ou para além de nós. 
Ele falava de Deus como o ser que nos ultrapassa e até certo ponto tinha razão. Deus ultrapassa-nos e é insondável.  Tinha alguma razão aquele pai que não falava de Deus como Pai. 
Cuido que as suas palavras são fruto da época e da sociedade em que vivemos, depois dos filósofos da suspeita e da modernidade que pretendiam “matar” Deus. É a época em que se multiplicam os movimentos religiosos e espirituais. É a época do esoterismo, da gnose, do psíquico e do mágico. É a época que aceita Deus de qualquer modo, mas como um ser que não tem de interferir na sua vida porque, afinal, o homem é autónomo, é o deus das suas escolhas. 
Por isso é difícil falar ao homem de hoje de um Deus que ama e que, remexendo com o nosso coração e com o que somos, interfere em toda a nossa vida. Dito, em conclusão, por outras palavras, mais directas e mais objectivas. É mais fácil acreditar em Deus do que amá-lo.

12 comentários:

Anónimo disse...

Isto para mim é tudo muito pessoal, a partir da minha caminhada individual foi sempre os afetos que me moveram: 1º enorme gratidão que se transformou em Amor .. o acreditar por vezes questiono, o Amor não. Um paradoxo não é? para amar tenho de acreditar na existência do objeto amado, só que como esse objeto amado para mim está em todo o lado, mesmo que, por algum motivo de revolta momentânea, eu possa colocar em causa a sua existência, não coloco o seu amor que acabo por ver mais tarde se manifestou de outra forma que não a que eu esperava e queria.. eu brigo às vezes com Deus, cheguei a dizer-lhe, quando chegou a hora da morte do meu querido primo com paralisia cerebral (em situação mt dolorosa e injusta, por ter sido vitima duma falha da rede de cuidados continuados que não aceitou o seu internamento provisório aquando duma série de infeções que não conseguia tratar em casa, do que adveio uma septicemia), "Meu Deus que Deus te perdoe que não sabes o que fazes!!! Repeti isto a viagem toda quando ia ao encontro do corpo de meu primo". Não existe nada de racional nesta frase, existe apenas amor magoado, desilusão!
Agnóstica

Anónimo disse...

Amor é entrega total. É confiarmo-nos inteiramente nas Suas mãos. Sem medo de perder... Quanto mais tivermos, menos amamos pelo medo de perder...

É tudo muito bom de dizer até às grandes provações... Quantos estão dispostos a ser Jo?

SL

Anónimo disse...

"Amor é entrega total"
Pois é, pena que muitas vezes só o façamos quando não há outra solução.
Pena que a entrega não se faça à priori...
Eu diria que Deus é "Amor" e o "Amor" é Viver.
Falo, claro está a partir do meu percurso pessoal.
Paulina

Anónimo disse...

E quem não consegue fazer essa entrega total não ama é?
Agnostica!

Anónimo disse...


Ama sim. Mas talvez de forma incompleta.... Vejamos o amor de uma mãe, pai por um filho. é incondicional, por mais que os filhos nos desiludam, magoem o amor vais sempre prevalecer.

Este é o amor que julgo que Ele nos tem! Mas quando nos desiludimos, chegamos ao fundo, por conta dos caminhos que Ele nos trilha, o amor, mais importante ainda, a confiança prevalece acima de tudo?

Julgo que o meu amor por Ele prevaleceu e mais, aumentou num desse momentos da vida. Mas confesso que tenho medo de mais provações.

É como se confiasse desconfiando...

Anónimo disse...

Acho que seria exigir demais de Deus confiar todos os meus problemas a Ele, tenho que carregar o meu destino sem esperar tanto DÉle, não posso dizer "Senhor confio-te os meus problemas e a partir daí despreocupar-me deles".. costuma-se dizer que o que é para mim não é para mais ninguém.. SIM! confio que Ele me ama, SIM confio que está comigo em todos os momentos, sobretudo nos mais difíceis, Não, não acredito que possa intervir no percurso dos meus problemas, eles seguirão o seu caminho e o Amor DÉle ajudará sim a encará-los de forma diferente.. Quem ama tb cuida, e como tal tb tenho de cuidar de Deus..
Agnostica!

Anónimo disse...


Claramente não me percebeu Agnóstica... Falo de provações, não de problemas...

Ainda bem que sente isso tudo, quem me dera ser sempre assim tão confiante.

Anónimo disse...

Aliás posso perguntar-lhe porque se assina por agnóstica? a sua posição perante Deus parece-me muito bem definida.

Evidente só responde se quiser. Não tome esta pergunta com tom provocatório, só achei curioso.

Anónimo disse...

Eu confiante? Leu bem o que eu escrevi? Eu não disse que não Lhe confiava os meus problemas/provações? Como diz que sou confiante?! confiante em quê? de que Ele estará ao meu lado nos problemas sim, mas não de que me protegerá deles ou interferirá no seu percurso. nem tão pouco me garante que não sucumbirei a eles .. Também não me entendeu.. qual a diferença entre problemas e provações?
Agnóstica!

Anónimo disse...

Os problemas melhor ou pior tem solução e sim concordo, a luz de Deus é fundamental!

Provações são acontecimentos na vida (não sei se alheios à vontade Dele, tenho as minhas dúvidas) que representam autênticos testes à nossa fé.

Esta é a minha definição, vale o que vale e provavelmente tem que ver com o meu percurso de vida.

maria jose disse...

Sim, percursos mt diferentes com certeza...
Agnostica

Anónimo disse...

Peço desculpa ao "Anónimo" das 16h19, mas só agora vi a sua pergunta à qual respondo com muito gosto e sinceridade: já falei vairas vezes do meu passado de agnóstica convicta, anorética e doente oncologia e neuromuscular.. neste momento o agnóstica e o anorética fazem parte do passado, mas um passado que molda o nosso presente. Se falo como falo é graças a esse passado.
Se der uma espreitadela no blog (não me lembro já em que partes dele o terei feito) verá que falo muito, por demais até desse passado-presente.
Agnostica