quinta-feira, julho 23, 2015

ser mar [poema 65]

E se o mar morresse para não ser mar
cansado de ser ondas e só ondas de sal
Se ele quisesse ser terra para ver o mar
Parado à beira das ondas, que vão e vêm
e são de sal

6 comentários:

Anónimo disse...

quem me dera ser mar para não ter este sofrimeto ,esta dor , da saudade, da perda de quem amamos ,nem o mar nem a terra me dá uma luz.

Paulina Ramos disse...

"E se o mar morresse para não ser mar"

Mais um momento único, de uma intensidade sem igual!!!
E se eu morresse para me transformar em algo diferente desta forma tridimensional limitada?

Por muita fé que se tenha a verdade é que não temos a certeza de nada.
Nunca ninguém, além da figura de Jesus Cristo, veio a este estado dizer como é, e a dúvida permanece.

Querer sair de si mesmo para ser outra coisa e poder ver o que já foi, é compreensível apenas para quem procura por um porto de abrigo, um lugar onde possa repousar a ânsia de infinito que o habita.

Mas há pessoas que desconhecem essa ânsia, para esses é apenas um estado de insanidade, eu que o diga, pois este relato valeu-me uma avaliação semelhante.
"Sinto ainda uma onda de "energia" que me transporta a outra "dimensão". Um lugar onde se respira paz, curioso nunca pensei que a paz se pudesse respirar... Não há luz brilhante, nem "espíritos" a circular existe apenas uma "identidade" que não se vê, uma plenitude não palpável.

Não sei onde estou mas pouco importa, sinto-me uma só com tudo o que me rodeia, vejo tudo bom e mau, nada me surpreende e nada julgo... Amo tudo por igual."...
"Novamente estou de pé e choro baixinho... desta vez com uma diferença pois acho que choro, não pela pessoa amada mas por mim."

Magnifico este poema.

Confessionário disse...

Peço desculpa por so agora publicar uma série de comentários. Mas estive impossibilitado de o fazer.
Obrigado a todos

Anónimo disse...

Faz-me lembrar as vezes que queremos ser outra coisa diferente do que somos!

Paulina Ramos disse...

"Peço desculpa por so agora publicar uma série de comentários. Mas estive impossibilitado de o fazer."

Desejo que estejas bem e que essa impossibilidade não se tenha ficado a dever a motivos de saúde.

Não tens de pedir desculpa.

Confesso que, quando comento gosto de ser mar e ler o que escrevi como se fosse outra pessoa, mas não vem mal ao mundo se não os publicares ou demorares uns dias a fazê-lo.

Anónimo disse...

Mar magoado

Contém-me a curvatura do mar inteiro
As amuradas enroladas à maresia
A voz deposta na onda distendida
A súplica lestamente devolvida
E eu, terra transposta
Fico em cada poça
Misturada nas areias
Como um facto certo
No revezamento das marés